Policiais militares fazem curso e comando quer 5 mil bilíngues até a Copa
A soldado Tatiana Aranha, 33, anda pelas ruas com uma arma incomum à sua patente. Usa, como qualquer policial, uma pistola na cintura. Mas nada é mais eficiente que seu arsenal lingüístico. Poliglota, é fluente em inglês, alemão e espanhol.
Devido à escassez de craques em línguas estrangeiras na corporação, como Aranha, a Polícia Militar da Bahia decidiu criar uma tropa de elite bilíngue. O curso de inglês tem o objetivo de capacitar homens e mulheres de farda a se comunicarem com turistas durante a Copa do Mundo.
Realizado na Academia de PM, no Dendezeiros, em parceira com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o projeto partiu do comitê gestor da PM para a Copa e pretende formar 5 mil alunos até 2014. As duas primeiras turmas - com um total de 50 policiais no nível básico - iniciaram as aulas em fevereiro.
“A ideia é que 5 mil estejam prontos para se comunicar com qualquer tipo de turista até 2014”, explica o capitão Alexsandro Matos, que coordena o curso.
Se depender do tempo de estudo, todos serão aprovados.
O curso intensivo é de dar inveja a qualquer treinamento do Bope, a tropa de elite carioca. São sete horas e meia de aulas por semana. “É bem puxado, mas só assim a gente consegue aprender no pouco tempo que resta”, diz a sargento Cátia Pereira, que nunca havia estudado línguas.
Disciplina específica
Como os estudantes são policiais que estarão envolvidos na Copa, a didática tem um foco. O curso é totalmente adaptado às questões cotidianas da polícia, do turismo e do maior evento esportivo do planeta.
“Vamos aplicaremos uma conversação voltada, por exemplo, para informações sobre pontos turísticos, restaurantes, horários de jogos, locais de treinamento das seleções. Vamos avançando à medida que tivermos mais informações sobre o evento”, explica o capitão. Os participantes do curso foram escolhidos por sorteio.
As primeiras turmas formados para o Mundial serão mesmo de inglês. “Isso, inicialmente. Mas estamos aguardando a sinalização do comando para entramos também com o espanhol”, informa Alexsandro Matos. Novas turmas devem ser abertas a partir do segundo semestre deste ano. “Um conhecimento desse não se perde. Como quase tudo que a Copa do Mundo vai nos deixar, isso também vai ser um legado”.
Estágio
Durante o Carnaval, turistas do mundo inteiro puderam se comunicar com alguns policiais. Segundo o comando da Polícia Militar, mais de 100 PMs sabiam falar pelo menos duas línguas. Durante a folia, pela primeira vez a indicação veio estampada no braço, com a bandeira americana ao lado do “I”, simbologia internacional que significa “informação”.
“Era até engraçado quando um comandante de tropa, um tenente ou sargento, encontrava um turista estrangeiro e não sabia falar inglês. Tinha que pedir ajuda a um soldado bilíngue, por exemplo”, diz o próprio comandante geral, Nilton Mascarenhas.
Fonte: Jornal Correio