A Assembleia Legislativa assistiu ontem à legitimação de uma união estável que já dura décadas, na definição do deputado Elmar Nascimento (PR). Trata-se da relação entre o advogado mineiro Jack Corrêa, vice-presidente de assuntos governamentais da Coca-Cola, e o estado da Bahia, de quem se tornou cidadão baiano, ontem à tarde, em sessão especial promovida no plenário da Casa.
O evento reuniu próceres da política baiana, a exemplo do senador César Borges, presidente do diretório estadual do PR, os deputados federais Acelino Popó Freitas, Edson Pimenta e José Carlos Araújo, a quem Jack chamou de amigo-irmão e a pessoa com quem mais aprendeu sobre baianidade. O governo do Estado esteve representado pelo ex-deputado Clóvis Ferraz, assessor do governador em exercício, Otto Alencar.
Entre os deputados estaduais, uma plêiade de diversos partidos marcou presença: além de Elmar, autor do projeto de resolução que concedeu o título honorífico de cidadão; o presidente Marcelo Nilo (PDT) e toda a bancada do PDT (João Bonfim, Roberto Carlos e Euclides Fernandes), Leur Lomanto Júnior (PMDB), Gildásio Penedo (DEM), o líder da oposição, Reinaldo Braga (PR); Ângelo Coronel (PP), Adolfo Menezes (PRP) e Sandro Régis (PR). O prefeito de Remanso, Zé Filho, também estava no plenário.
A sessão foi aberta por Nilo, que realizou a composição da mesa dos trabalhos, e designou uma comissão de deputados para dar as boas vindas ao homenageado, que foi recebido com aplausos. Logo em seguida, pediu que todos ficassem de pé para a execução do Hino Nacional.
Elmar Nascimento ocupou a tribuna para fazer a saudação e, humildemente, confessou não ter a certeza quanto ao significado do título oferecido pela Assembleia Legislativa "na vida de um homem que há muito, sem deixar de ser paranaense, mineiro e brasiliense, mas há muito se tornou baiano, por sua livre e espontânea vontade". Ele acrescentou que, por razão de justiça, o mentor da honraria foi "nosso amigo em comum José Carlos Araújo."
O deputado disse em seu discurso que a Bahia tem uma dívida com Jack Corrêa, "não só por sua atuação como executivo da Coca-Cola, cujas atividades se expandiram e continuam expandindo no estado, desde que ele deixou a Fiat, em 93, para assumir a vice-presidência da gigantesca multinacional do saudoso John Pemberton."
AMPLIAÇÃO
O homenageado, segundo Elmar, é o responsável direto pela implantação ou ampliação das três fábricas do refrigerante na Bahia. "Até o ano de 2013, a Coca-Cola vai investir na Bahia mais de R$ 450 milhões por conta do trabalho dele". Além do investimento patrimonial, o parlamentar listou uma série de iniciativas da empresa no campo social, como o programa Estação de Reciclagem, e no patrocínio de eventos esportivos e culturais. "É ele quem norteia na prática as políticas e as ações nessa área."
Após receber o título das mãos de Nilo, Elmar e José Mannarino, diretor de Assuntos Corporativos da Norsa Refrigerantes, franqueada da Coca-Cola no Nordeste, Corrêa ocupou a tribuna para fazer o agradecimento. Com o talento do relações públicas que tem como ferramenta profissional o poder do convencimento, contou que, morador de Brasília, vinha de Minas Gerais, "como vem o Rio São Francisco, por entre caboclos, roçados, vales e culturas para trazer as melhores nascentes das gerais e se entregar, de corpo e água, às sagradas terras baianas."
O homenageado não se conteve em pedir licença ao Senhor do Bonfim, à Mãe Menininha e a dona Canô. "Só assim, sinto-me confiante para adentrar os portais de um estado cheio de mistérios e histórias", disse, elencando em seguida uma série de baianos de ontem e hoje, para depois chamá-los de conterrâneos."
Mais de uma vez, Corrêa ressaltou a emoção que sentia pela homenagem da Assembleia, dizendo ser aquele um momento único. "Cheguei na Coca Cola, há 16 anos, na semana em que uma grave crise se abatia sobre o negócio na Bahia", contou, lembrando de uma reunião "com os governantes da época", em que ouviu a seguinte frase: "Façam o que quiserem, só não admitimos ter um só baiano desempregado". O resultado foi a formação da Norsa Refrigerantes, com cerca de quatro mil baianos empregados.
Ao final do seu pronunciamento, Corrêa revelou a intenção da Coca-Cola em ajudar na Copa do Mundo na Bahia. "Quando penso no que vai acontecer em 2014, quando aqui se reunirem a Bahia e a Copa do Mundo, chego a me arrepiar", disse, anunciando "o compromisso firmado, há poucas semanas, para fazer uma Supercopa na Bahia."